O Museu da Terra de Miranda concluiu a ação de conservação e restauro de um Crucifixo de pousar, datado da segunda metade do século XVI.
Trata-se de um crucifixo de pousar com a imagem de cristo morto, em marfim, e cruz em madeira decorada com incrustações de madrepérola.
As caraterísticas estilísticas e técnicas desta escultura remetem para a arte cíngalo-portuguesa, nascida do contacto dos portugueses com os artesãos do Ceilão (atual Sri Lanka) desde o século XVI.
A imagem do Cristo de Marfim foi restaurada através do Museu da Terra de Miranda, com a ajuda de mecenas e outros apoios externos, à semelhança de outro espólio da Concatedral de Miranda do Douro já intervencionado e disponibilizado ao público.
As mais belas peças de pintura, escultura e arte sacra que incorporam o espólio da Concatedral de Miranda do Douro integram a exposição temática do Núcleo Expositivo deste templo religioso.
A mostra reúne a parte mais significativa do espólio da antiga Sé Catedral de Miranda do Douro, incluindo o conjunto pictórico conhecido por “Calendário da Sé”, calendário Flamengo, pintado por Pieter Balten (c.1527-1584).
Passados cerca de 240 anos, da transferência da sede da diocese para a cidade de Bragança, a qual ocorreu no último quartel do século XVIII, esta é a primeira vez que um conjunto de obras tão relevante é colocada à fruição do público.
A exposição, além de cumprir o objetivo de salvaguarda, conservação e valorização do património, afirma a relevância, a vitalidade e o potencial cultural do que foi a Diocese de Miranda, ao mesmo tempo que revela a urbanidade e mundividência dos prelados que ocuparam o trono episcopal mirandês, assim como do investimento que foi realizado para que este templo fosse, de facto, brilhantíssimo em termos artísticos e arquitetónicos.
Estas obras de arte, de apreciável valor cultural, abrem agora espaço à consolidação e integração do acesso ao património artístico e religioso da Terra de Miranda, e àquilo que foi, e é, parte da sua herança sociocultural, que se destacou a partir da criação da Diocese em meados do século XVI. Ao mesmo tempo que se constata e atesta, também, a importância estratégica e económica desta Diocese no contexto da fronteira nordestina.
O espaço, que atualmente aloja a exposição, encontra-se instalado numa das antigas sacristias da Sé. A sua intervenção e remodelação foi desenvolvida pela Direção Regional de Cultura do Norte no âmbito da Operação “Rota das Catedrais no Norte” de Portugal, e cofinanciada pelo Programa Operacional Norte 2020.